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O Tempo

Tempo - meio indefinido e homogéneo no qual se desenrolam os acontecimentos sucessivos (...).

O que são estes momentos que parecem eternos? O que é esta sen-sação de alcançar um novo momento? Que é isto de 1 hora, 30 minu-tos ou um segundo? É a sucessão de segundos que compõem o tem-po, este meio indefinido? Se é indefinido como é que o sentimos na pele? E o que é que sentimos?

Perguntas e mais questões em volta de um dilema que alcança ou-tros dilemas. Uma corrida à procura de algo. Uma impressão de que é difícil completar tudo. Apenas um sentimento de impotência perante uma agenda tão grande de trabalhos que é a vida. São inúmeros os projectos, os sonhos e os desejos que o tempo conquista e mata. Ali-menta e suporta. Somos nós que criamos o tempo, ou ele está para além do alcance humano?

É um meio no qual o ser humano está intimamente interligado. Con-tudo é um meio que não conseguimos percepcionar de forma completa. Existe sempre aquela noção de que ele escasseia (nos bons momen-tos) e permanece (nos maus momentos). Quando a nossa mente tenta manipulá-lo resulta na insatisfação. Exercemos uma luta constante para o possuir, de modo a saborear cada momento e de terminar qualquer coisa que estejamos a fazer. Na maior parte dos casos somos vencidos por ele. Nestas alturas deixamos que ele vira por nós. Quando deveria ser ao contrário. Nós é que deveríamos virar o tempo. Apenas com um conhecimento alargado acerca dos nossos limites e do tempo que nos é dado, podemos enfim, vencer esta luta. E, assim o tempo passa à medida que vivemos e não, vivemos à medida que passa o tempo.

A vida resume-se, em linhas gerais, a acontecimentos sucessivos que têm como pano de fundo o meio de desenvolvimento: o Tempo.

A vida e o tempo interligam-se e permanecem juntos, até que a pri-meira ceda perante a evolução do segundo, se olharmos para o percur-so do ser humano em particular. Contudo, se olharmos para a vida, como um todo, ambos se enriquecem mutuamente.

Mary Barreto (arq. 2001)