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Natal Tradicional Madeirense
Navegador n.º 177 - Dezembro de 2007

     A ilha da Madeira, apesar de ser um espaço territorial relativamente pequeno, destaca-se na grandeza do seu povo! - O Natal é um exemplo vivo dessa grandeza. Ao longo dos tempos foram-se perdendo ou escasseando alguns dos seus usos e costumes tradicionais.

     As transformações que se operaram através da tecnologia moderna, vieram mudar as mentalidades os usos e costumes do povo da nossa terra!

     Não conseguiram porém, apagar-lhes do pensamento as recordações, nem do coração os sentimentos, que se conservam até hoje como que num relicário!... - Como se aproxima a quadra do Natal, vamos recuar no tempo e tentar recordar um pouco o que foi o Natal dos nossos avós!

     Com grande fé e a simplicidade de um povo campesino, na sua maioria analfabeto, quase sem instrução, mas, com a cultura e os conhecimentos que eram de grande sabedoria popular. Festejavam o Natal de forma tão social, vivendo em família e em reuniões de amigos, onde não faltavam as comezainas próprias da época.

     A matança dos porcos o vinho carrascão mas tão apreciado, o pão caseiro e de misturas, os bolos de família e um belo Presépio ou Lapinha como complemento.

     Havia Lapinhas famosas com elementos em miniatura da arte tradicional madeirense.

     Uma homenagem, uma mensagem de fé e amor a Jesus Menino, ali representado nas palhinhas de cada presépio. Depois, os divertimentos, os bailaricos e as cantigas populares relacionados com a quadra festiva. As visitas, as saudações, as trocas de prendas!

     Uma lareira com achas incandescentes, uma panda tripé fumegante com a carne de vinha-e-alhos e o pão pingado, a pequenada à volta esperando o seu bocado!

     E, porque não recordar os namoricos que se urdiam nas sombras tremeluzentes?

     O Natal era a época mais propicia a namoros e noivados em virtude de um maior convívio social. - O Natal de hoje é tão diferentes!

     E se tentássemos reanimá-lo e revivê-lo, sobretudo, pondo uma faúlha incandescente dessas "achas antigas" no coração de cada um de nós e soprar-lhe um pouco do nosso calor humano!

     A "acha" da lareira do nosso coração ficaria incandescente e tremeluziria de emoção e alegria se a levássemos até junto daqueles que não tem lareira, nem achas nem fogo para acender.

     

Amélia Cunha