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"Mais quero burro que me leve que cavalo que me derrube!"

     Toda a gente conhece esta citação, retirada da célebre "Farsa de Inês Pereira" de Gil Vicente, e o que toda a gente reconhece é que ela, ainda hoje, é actual!

     Se bem se recordam, uma Farsa é uma paródia que traduz, neste caso, a realidade social existente na época de Gil Vicente. Esta obra fala de um escudeiro bem-falante que atrai uma rapariga sonhadora, com a qual casa, para depois a mal tratar e repudiar.

     Antes deste mal fadado casamento, havia um simples camponês que estava apaixonado por ela tendo sido desprezado e humilhado por ela que acabou por o trocar pelo outro que, aparentemente, lhe era superior.

     Cansada de tão maus-tratos e de tanto desprezo, ela acaba por se decidir pela companhia do simples camponês que a tratava bem e a respeitava. Hoje em dia, isto ainda acontece.

     Talvez seja ainda pior, o que mostra que em nada evoluímos enquanto seres humanos e pessoas, apesar dos séculos que nos separam daquela época, (para já não falar de outras mais recuadas).

     Ainda há pouco lia num jornal nacional que um bombeiro enganara a namorada, com quem vivia, e a explorara financeiramente deixando-a com dívidas que não pagara. Este é um caso que poderemos, certamente, multiplicar por milhares…

     Eu tive um caso também na minha família, em que uma afilhada minha, a viver com o namorado há já algum tempo, de quem toda a gente dizia bem, foi vítima desse mesmo namorado, que lhe arranjou uns quantos calotes no nome dela. É claro que foi o pai da vítima que pagou as dívidas que ascendiam a alguns milhares de euros. O paradeiro dele? Desconhecido.

     Pensa-se que terá fugido para Espanha. Mas há mais burlas destas… escondidas por vergonha! E enquanto houver pessoas que lhes paguem, pelos mais diversos motivos, as dívidas por eles (ou elas!) arranjados, eles sairão sempre ilesos do mal que fazem.

     Eu própria ajudei o meu ex-companheiro, quando estava numa fase difícil da sua vida, e ele ainda não pagou nada do que deve e que gastou em meu nome. Ninguém lhe dá crédito algum, a não ser eu que julgo não estar enganada, quando digo que ele tem alguma dignidade nele, que o faz honrar os compromissos assumidos. Para, por agora, como uma amiga minha diz, e com muita razão, "só o tempo dirá!" A pessoa, ou vai buscar o que tem realmente de bom em si, ou cai na vil actuação de todos aqueles que vivem à custa dos outros. Mas uma coisa é certa - ninguém vai pagar as dívidas dele.

     De alguma forma esta situação se há-de resolver, mas vai ter de ser ele a resolvê-la! E é-lhe de toda a conveniência solucioná-la, uma vez que tem um escritório aberto e precisa de clientela para sobreviver… e, sobretudo, da imagem limpa!

     De uma coisa eu sei, eu vou até ao fim, e hei-de resolver a situação.

     

Fátima Nascimento